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O surgimento do Recruta Zero


Por diversas ocasiões, seu trabalho foi rejeitado por grandes editoras de cartunes como a King Features Syndicate – até que, em 1950, criou um obscuro personagem chamado Beetle Bailey, um preguiçoso estudante universitário, que foi aceito pela King Features. A tira originalmente não foi das mais bem sucedidas: apenas 25 jornais americanos aceitaram publicá-la. Recebendo o equivalente a US$ 200 de royalties por semana, o desenhista sequer imaginava que seu personagem estava por ser descartado pela King Features, devido à pouca popularidade.

Mas a trajetória do personagem sofreu uma reviravolta quando, em 4 de setembro de 1950, Mort Walker decidiu, em uma tira, alistar seu personagem no Exército americano, aproveitando a repercussão da Guerra da Coréia. Em poucas semanas, cerca de uma centena de diários em todo o país acolheram a nova versão de Beetle Bailey. Curiosamente, um dos editores da King Features Syndicate confidenciou a Mort Walker: "se você tivesse trazido uma tira de humor militar da primeira vez que você nos contatou, nós não a teríamos comprado".

O personagem (desde então batizado no Brasil com o nome de Recruta Zero) logo ganhou popularidade devido a sua sátira ao rigor do cotidiano militar. Zero é um soldado raso deveras preguiçoso, sempre procurando escapar de seu superior imediato, o Sargento Tainha. Ao redor deles, há uma penca bastante heterogênea de outros personagens, em termos de comportamento e aparência. Inclusive, de acordo com o próprio autor, os defeitos e manias dos personagens são inspirados em suas experiências pessoais.

Mas nem o sucesso de Mort Walker com o Recruta Zero impediu que grupos de interesse atacassem a tira: em pelo menos uma ocasião, os quadrinhos do hoje folclórico personagem foram banidos da Stars and Stripes, a revista oficial do Exército norte-americano. O argumento usado pelos editores dessa publicação era duvidoso: o Zero estava ridicularizando demais o cotidiano dos soldados norte-americanos, servindo de mau exemplo. O que não impediu muitas famílias de militares americanos de mandar cópias das tiras, em geral recortadas de jornais.

Em 1992, uma tira retratando General Dureza, o comandante do quartel onde o Recruta Zero "serve", mostrou o comandante numa situação de assédio sexual; mais uma vez, Mort Walker teve sua tira censurada. Nos últimos anos, Mort Walker tem delegado a um de seus filhos, Gregory, a autoria de diversas tiras do Recruta Zero. Recebeu diversas homenagens da National Cartoonists Society (entidade que reúne desenhistas famosos nos EUA) por seus bons serviços prestados ao humor naquele país.